DE QUAL LADO ESTAMOS?
À medida que a nossa visão de mundo se amplia, somos tentados a cristalizar idéias por imaginarmos que já conhecemos toda a verdade, mas isto se torna uma barreira, uma impossibilidade de mudanças... Devemos apenas reconhecer o quanto somos pequenos diante do mistério que nos cerca e mostraremos isso através de nossa humildade de uma mente aberta para novas descobertas. Geralmente as idéias são substituídas por outras que auxiliam no crescimento. Em nenhum momento a Filosofia descarta as opiniões, nada é desprezível.
O papel de Sócrates não era (é) preconceituoso. Conforme a pessoa falava, Sócrates ia problematizando, não impondo a verdade, mas abrindo um leque de possibilidades.
Após a morte de Sócrates, Platão (348/347 a.C.), descendente de grandes políticos de Atenas e discípulo de Sócrates, fica muito decepcionado e corre o mundo com o intuito de pesquisar as formas de governo. Retorna então e funda a ACADEMIA, onde vem os desejos pelo saber, para se abastecer e se libertar. Podemos dizer que seria o projeto de 1ª Escola.
Eu poderia falar muitas coisas sobre Platão mas o que mais me chama a atenção é a sua visão sobre o Mundo Sensível e o Mundo das Idéias. Platão acreditava que tudo que vemos aqui é apenas uma cópia distorcida da realidade, é o Mundo Sensível. Entretanto, existe no Mundo das Idéias a “forma” verdadeira do que é uma planta, um animal, o homem... E nós não podemos confiar plenamente nos nossos sentidos, afinal tudo flui, e será levado pelo tempo. Mas a idéia do que é um “ser humano, um peixe ou uma árvore”, é imutável. São os modelos abstratos, espirituais desses seres que permanecem para sempre nesse Mundo a parte, o Mundo das Idéias. Realmente devo admitir que nem tudo é feito do que é aparente!
Mas além de teorias que me chamem a atenção, preciso expor o que realmente tem acontecido comigo e se refere ao Mito da Caverna de Platão.
Em uma caverna, há um grupo de homens que nasceram ali mesmo e vivem acorrentados e voltados para o fundo da caverna, de costas para a saída, onde também existe um muro dificultando ainda mais a saída de seus habitantes. Infelizmente, tudo o que esses homens conseguem ver são as sombras do que está lá fora, graças a uma fogueira presente ali. Eles ficam sempre se maravilhando com as imagens refletidas nesta parede, dos homens livres que passam lá fora e associando os sons (também distorcidos) do exterior àquelas criaturas tão intrigantes. Essa é a realidade para eles, não há outra... Mas um dia, um deles consegue se libertar e vai em direção a saída, escala o muro e a luz quase o cega... Mas quando ele consegue enxergar a beleza de tudo, as plantas, os animais, a paisagem em geral, os homens! Aquelas criaturas tão bizarras são exatamente como ele! Ele fica tão extasiado que pensa em voltar e contar tudo aos seus companheiros... Pode-se imaginar algumas situações: ou ele será ignorado por seus amigos, ou poderá ser tido como mentiroso e por este falso testemunho ser morto...
Onde nos encontramos em tudo isso? De qual lado estamos? Preferimos continuar a acreditar em tudo que aprendemos ou estamos em busca da verdade? É mais agradável a comodidade de velhas aprendizagens ou ousamos e nos aventuramos à pensar e questionar?
Uma coisa eu tenho certeza: correremos inumeráveis riscos quando quisermos sair de uma posição de simples aceitação, pois nem todos estão preparados para mudanças, sejam físicas ou espirituais!
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